Sendo um dos privilegiados
que éramos crianças na década dos 80s, lembro que escutar músicas do Metallica
ou Megadeth na rádio era uma coisa relativamente comum. Aliás, com algo de
sorte, dava pra curtir um som do Overkill e Exodus em estações comerciais.
Metallica nos 80's |
Se eu tivesse que
escolher o soudtrack da minha infância, sem dúvida colocaria algumas peças das
bandas mencionadas encima. Mas tudo o que é bom termina. Chegaram os noventas,
e o movimento Grundge veio a estragar a festa dos metalheads. Ano 2000, o Nü
Metal é o novo rei do pedaço. Muitos de
nos pensávamos que o Thrash ficaria só como um memento de um passado distante.
A boa noticia é
que os que partilhávamos essa ideia estávamos errados. Nos últimos anos temos
tido a oportunidade de testemunhar o reaparecimento desse subgénero. Aquele que
estava morto voltou a viver. Mas, como é que aconteceu isso Arturo? Você se
perguntará. Fique tranquilo(a), estou aqui para responder.
No ano 2005 saiu
ao mercado uma das maiores maravilhas criadas dentro da industria dos
videogames. Essa joia se chamou Guitar Hero. Foi um sucesso instantâneo. Não é
pra menos. Graças a esse “joguinho” (dito com sumo respeito) até o mané mais
desengonçado e sem talento do planeta podia ser uma estrela de rock por um dia.
O heavy metal
sempre tem sido sinónimo de virtuosismo com a guitarra, então era lógico que
muitas das músicas que a nova geração de adolescentes jogaria seriam desse
género, em particular do thrash, fosse pela sua popularidade do género na
memoria recente dos americanos (que foram os programadores do jogo), pelo fato
de que a idade dos criadores os impulsaria a tirar seu baú das lembranças o
género da sua infância ou pelas duas razões.
Isso ocasionou
dois fenómenos. O primeiro foi o “segundo fôlego” para muitas bandas velhas. Nesses
últimos anos temos visto novos discos de Megadeth, Anthrax, Testament, por
citar só alguns, e a turnê dos “Big Four” pelo mundo inteiro.
O segundo
acontecimento tem sido ressurgimento com bandas novas tomando a liderança. Evile,
Sylosis e Municipal Waste são os portadores do estandarte. O Brasil também tem colocado
o ser grão de areia com Violator!!! (voz gutural par disser o nome).
Até bandas
famosas, como Trivium, mexeram com o thrash em algum momento. Seu terceiro
disco, “The Crusade”, não pode ser classificado com nenhuma outra etiqueta. Os
dois mais recentes, mesmo que inegavelmente são Metalcore, ainda tem a mancha
visível das suas aventuras o anteriormente mencionado.
Claro, as bandas
novas tem um som muito diferente as bandas velhas que ainda continuam a fazer
discos nessa época. Muitas tem uma influencia mais direta com bandas que
surgiram durante o “período obscuro”, melhor conhecido como os noventas.
Evile |
Nesse tempo,
bandas catalogadas como “thrash” faziam coisas que pouco ou nada tinham a ver
com o Marter of Puppets de Metallica. Pantera e Machine Head (velho) são exemplos
que me vem a cabeça. Sua música não era uma caça frenética por velocidade. Algumas
canções até cometiam o máximo sacrilégio imaginável. Não ter solos de guitarra
em algumas peças (morte aos hereges!). Após algum tempo, esse género se
conheceria como post-thrash, e mais tarde Groove Metal.
Então, voltando
ao nosso tema, muitas bandas atuais de thrash são realmente bastardos do
Groove. Isso é um detalhe. Outro é a afinação das guitarras. As bandas velhas
usam a standard (EADGBE), em quanto a maioria das novas usam outras mais graves
ou pelo menos Drop D (DADGBE). Algumas até usam guitarras de 7 cordas.
Suficiente? Não!
Ainda há mais. Outro fator diferenciador é o fato de que muitas bandas usam
guturais misturados com vocais harmoniosos. Também, há havido uma inegável
evolução no oficio de baterista. Não só tem virado mais complexo, além disso
incorpora elementos profundamente associados a outros géneros, como o “blast
beat” do Death e o “gravity blast” do Brutal.
No entanto, seria
tolice disser que isso não é thrash. As coisas evolucionam, avançam. Negar esse
fato seria equivalente a que alguém argumentasse que o novo Mustang não é digno
do nome porque não é exatamente igual ao modelo Shelby 63. Continua sendo o
mesmo modelo, mas adaptado ao ano 2012.
Com isso
esclarecido, podemos concluir que o Thrash está vivo e chutando. Talvez com
menos força que nos 80s, mas parece que continuará ainda por alguns anos.
Porém, é verdade que existem misturas
com outros géneros (Thrashcore, anyone?). Mas isso é questão para outra coluna.
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